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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Alexandre Sequeira

Olá, todo mundo.
Esse post é especial, dividi em quatro capítulos, já que ele ficou demasiado grande.

A Introdução Chata

Este será o primeiro post sem fotos minhas. Será uma história de como conheci um ícone e seu trabalho. Já explico.
E sucedeu que na última segunda (21/02)  houve mais um café fotográfico na Fotoativa. Dessa vez o protagonista era Alexandre Sequeira e o café girou em torno de sua Dissertação de Mestrado, "Entre Lapinha da Serra e o Mata Capim".

Tá, até aí tudo bem.
Mas um fato relevante há de ser frisado. O Alexandre é uma referência pra mim. Tal qual ilustra o velho Chico em "João e Maria", eu costumo fazê-lo quando brinco de fotografia: "agora eu era o Alexandre".
Eras, mas que pesado... Soa até forçado. Ora pois, depois de eu explicar do que se trata, não vai mais soar exagerado, garanto.

O Alexandre

Conheci o trabalho do Alexandre através da revista Photo Magazine. Ela trazia uma matéria de algumas páginas à respeito do trabalho do Alexandre em Nazaré do Mocajuba, Nordeste do Estado do Pará. Achei extremente interessante, mas não me contentei com a matéria impressa naquelas páginas, era óbvio que havia muito mais a se saber. Foi quando, pesquisando, achei um vídeo do Alexandre falando no TEDxAmazônia.
Para entender o por que de o Alexandre ser a minha referência, é fundamental que você, leitor, assista ao vídeo.
(Aviso aos senhores machões: Vídeo passível de emoção - No caso extremo de insensibilidade, o médico deverá ser consultado)



Se tiver problemas para visualizar, clique AQUI e veja direto no YouTube



Considerações. Desconsidere

A história do Alexandre - e principalmente a forma com que ele aborda a fotografia e a relaciona com o meio - muito me encantou. Senti meus olhos abertos para algo que, até então, era muito abstrato. Hoje não, sinto como se me fosse dada uma direção. Redescobrir o sentido da fotografia, torná-la um instrumento de aproximação e mudança do meio onde vivo, praticá-la não apenas como uma forma de registro, mas de avaliação. No final das contas muda-se ambos, fotógrafo e fotografado. Essas têm sido questões muito mais pertinentes do que "Qual abertura usar num Pôr-do-sol", ou "Como tirar melhor proveito com ISO elevado".

Pegou? Colocar a técnica em segundo plano e concentrar-se no conceito. É diante desse tipo de questão que me sinto um nada, um vaso vazio, uma formiga nos pés de uma Samaumeira. Vai soar contraditório, mas é justamente esse tipo de sentimento que eu procurava e que tanto me excita. É realmente animador redescobrir-se. Descobrir que na verdade não se sabe nada, não se tem nada, exceto um longo caminho a percorrer.

A Última Segunda

Cartaz do Café


Vamos à história de como o conheci na última Segunda.
Sem grana, com fome e com dor de cabeça (é difícil comer quando se está gripado e com a garganta inflamada). Essa era minha condição naquele fim de tarde de Segunda. Por sorte eu tenho um amigo que não é fino, mas é gente boa. Coincidiu de o Sylce, nesse dia, poder ir de carro para a faculdade. Ele, sabendo o quanto queria ir àquele café fotográfico, me ofereceu uma carona. Desci na Presidente Vargas, peguei uma ruela rumo à Praça das Mercês. Brega alto, churrasquinho de gato, prostitutas... era o comércio à noite, afinal. A rua me pareceu mais longa do que o esperado.
Cheguei cedo no local, logo me acomodei. Um grupo conversava, outras pessoas terminavam os preparativos do evento, uma ansiedade me acometia.
Do nada, oriundo do grupo que conversava, me vem o Alexandre em minha direção. Sem graça, cheguei até a pensar se eu estava sentado em lugar indevido, quase pude ouvir a fala "Amigo, será que você poderia trocar de lugar? É que esse está reservado". Mas não. Surpreendi-me com um vigoroso aperto de mão e um "Muito obrigado por ter vindo". Eu, muito tímido, mal consegui fitá-lo nos olhos, desviei o olhar e esbocei um "Magina".
Pois é, de repente o ícone se materializou e se mostrou de barro... ou carne e osso, como queiram. Fato que só aumenta a admiração. 

"De Lapinha da serra ao Mata Capim" seguiu bem interessante, deu até pra ignorar o corpo implorando por um bom sono pra compensar a última noite mal dormida por conta da gripe. Com as falas sempre regadas de muita magia, Alexandre conduzia a noite, vez ou outra pedindo desculpa por algum item demorado. Eu, particularmente, tomava como piada o que parecia ser um pedido de desculpas. Meu pensamento dançava perdido entre conceitos, significados, metáforas, imagens. O discurso não se ateve apenas à imagem, até sons o palestrante fez questão de compartilhar. De gravações feitas no local onde Alexandre desenvolveu o projeto, podia-se ouvir as vozes das personagens, nos aproximando ainda mais da história. Com os olhos fechados e a lembrança das imagens projetadas, senti-me parte viva e ativa dela.
Sabe quando você sabe que um filme vai terminar muito louco e mesmo assim você se surpreende com o final, de fato, muito louco? Não, né? Enfim...

Nesse banquete eu entrei faminto e mudo... saí calado. Mas não, não estava mais com fome.

4 comentários:

  1. Querido Phelipe, vc me emocionou profundamente com seu relato...vc deve saber que suas palavras são tudo (ou mais até) que um artista sonha em ouvir: que seu trabalho toca o outro. Mais uma vez, muito obrigado por seu esforço em comparecer e por suas palavras tão lindas. Vou guardá-las no coração. Espero que possamos com o tempo nos conhecer melhor. Um abraço apertado do amigo
    Alexandre Sequeira.

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  2. Olá, Alexandre. Prazerzão te ter por aqui neste blog.
    Eu é que a gradeço pelo seu trabalho! E tenho certeza que, junto comigo, está uma grande multidão cuja forma de encarar a fotografia foi transformada através dos trabalhos mágicos que você desenvolve.
    Super prazer em conhecê-lo. Espero que aconteça muito mais vezes, sim.
    Um abraço.

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  3. Quando eu li o texto eu fiquei em dúvida no que tu és melhor, escrever ou fotografar.. daí pensei bem e acho que essa pergunta não tem resposta! Tu sempre te superas positivamente nos dois. Só orgulho, cunhado!

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  4. olha eu lá na post \o/ cara, parabens..pros 2 :D

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