Esse post é especial, dividi em quatro capítulos, já que ele ficou demasiado grande.
A Introdução Chata
Este será o primeiro post sem fotos minhas. Será uma história de como conheci um ícone e seu trabalho. Já explico.
E sucedeu que na última segunda (21/02) houve mais um café fotográfico na Fotoativa. Dessa vez o protagonista era Alexandre Sequeira e o café girou em torno de sua Dissertação de Mestrado, "Entre Lapinha da Serra e o Mata Capim".
Tá, até aí tudo bem.
Mas um fato relevante há de ser frisado. O Alexandre é uma referência pra mim. Tal qual ilustra o velho Chico em "João e Maria", eu costumo fazê-lo quando brinco de fotografia: "agora eu era o Alexandre".
Eras, mas que pesado... Soa até forçado. Ora pois, depois de eu explicar do que se trata, não vai mais soar exagerado, garanto.
O Alexandre
Conheci o trabalho do Alexandre através da revista Photo Magazine. Ela trazia uma matéria de algumas páginas à respeito do trabalho do Alexandre em Nazaré do Mocajuba, Nordeste do Estado do Pará. Achei extremente interessante, mas não me contentei com a matéria impressa naquelas páginas, era óbvio que havia muito mais a se saber. Foi quando, pesquisando, achei um vídeo do Alexandre falando no TEDxAmazônia.
Para entender o por que de o Alexandre ser a minha referência, é fundamental que você, leitor, assista ao vídeo.
(Aviso aos senhores machões: Vídeo passível de emoção - No caso extremo de insensibilidade, o médico deverá ser consultado)
Considerações. Desconsidere
A história do Alexandre - e principalmente a forma com que ele aborda a fotografia e a relaciona com o meio - muito me encantou. Senti meus olhos abertos para algo que, até então, era muito abstrato. Hoje não, sinto como se me fosse dada uma direção. Redescobrir o sentido da fotografia, torná-la um instrumento de aproximação e mudança do meio onde vivo, praticá-la não apenas como uma forma de registro, mas de avaliação. No final das contas muda-se ambos, fotógrafo e fotografado. Essas têm sido questões muito mais pertinentes do que "Qual abertura usar num Pôr-do-sol", ou "Como tirar melhor proveito com ISO elevado".
Pegou? Colocar a técnica em segundo plano e concentrar-se no conceito. É diante desse tipo de questão que me sinto um nada, um vaso vazio, uma formiga nos pés de uma Samaumeira. Vai soar contraditório, mas é justamente esse tipo de sentimento que eu procurava e que tanto me excita. É realmente animador redescobrir-se. Descobrir que na verdade não se sabe nada, não se tem nada, exceto um longo caminho a percorrer.
A Última Segunda
Cartaz do Café |
Vamos à história de como o conheci na última Segunda.
Sem grana, com fome e com dor de cabeça (é difícil comer quando se está gripado e com a garganta inflamada). Essa era minha condição naquele fim de tarde de Segunda. Por sorte eu tenho um amigo que não é fino, mas é gente boa. Coincidiu de o Sylce, nesse dia, poder ir de carro para a faculdade. Ele, sabendo o quanto queria ir àquele café fotográfico, me ofereceu uma carona. Desci na Presidente Vargas, peguei uma ruela rumo à Praça das Mercês. Brega alto, churrasquinho de gato, prostitutas... era o comércio à noite, afinal. A rua me pareceu mais longa do que o esperado.
Cheguei cedo no local, logo me acomodei. Um grupo conversava, outras pessoas terminavam os preparativos do evento, uma ansiedade me acometia.
Do nada, oriundo do grupo que conversava, me vem o Alexandre em minha direção. Sem graça, cheguei até a pensar se eu estava sentado em lugar indevido, quase pude ouvir a fala "Amigo, será que você poderia trocar de lugar? É que esse está reservado". Mas não. Surpreendi-me com um vigoroso aperto de mão e um "Muito obrigado por ter vindo". Eu, muito tímido, mal consegui fitá-lo nos olhos, desviei o olhar e esbocei um "Magina".
Pois é, de repente o ícone se materializou e se mostrou de barro... ou carne e osso, como queiram. Fato que só aumenta a admiração.
"De Lapinha da serra ao Mata Capim" seguiu bem interessante, deu até pra ignorar o corpo implorando por um bom sono pra compensar a última noite mal dormida por conta da gripe. Com as falas sempre regadas de muita magia, Alexandre conduzia a noite, vez ou outra pedindo desculpa por algum item demorado. Eu, particularmente, tomava como piada o que parecia ser um pedido de desculpas. Meu pensamento dançava perdido entre conceitos, significados, metáforas, imagens. O discurso não se ateve apenas à imagem, até sons o palestrante fez questão de compartilhar. De gravações feitas no local onde Alexandre desenvolveu o projeto, podia-se ouvir as vozes das personagens, nos aproximando ainda mais da história. Com os olhos fechados e a lembrança das imagens projetadas, senti-me parte viva e ativa dela.
Sabe quando você sabe que um filme vai terminar muito louco e mesmo assim você se surpreende com o final, de fato, muito louco? Não, né? Enfim...
Nesse banquete eu entrei faminto e mudo... saí calado. Mas não, não estava mais com fome.
Querido Phelipe, vc me emocionou profundamente com seu relato...vc deve saber que suas palavras são tudo (ou mais até) que um artista sonha em ouvir: que seu trabalho toca o outro. Mais uma vez, muito obrigado por seu esforço em comparecer e por suas palavras tão lindas. Vou guardá-las no coração. Espero que possamos com o tempo nos conhecer melhor. Um abraço apertado do amigo
ResponderExcluirAlexandre Sequeira.
Olá, Alexandre. Prazerzão te ter por aqui neste blog.
ResponderExcluirEu é que a gradeço pelo seu trabalho! E tenho certeza que, junto comigo, está uma grande multidão cuja forma de encarar a fotografia foi transformada através dos trabalhos mágicos que você desenvolve.
Super prazer em conhecê-lo. Espero que aconteça muito mais vezes, sim.
Um abraço.
Quando eu li o texto eu fiquei em dúvida no que tu és melhor, escrever ou fotografar.. daí pensei bem e acho que essa pergunta não tem resposta! Tu sempre te superas positivamente nos dois. Só orgulho, cunhado!
ResponderExcluirolha eu lá na post \o/ cara, parabens..pros 2 :D
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