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sábado, 30 de junho de 2012

Cunha

Ou não

Por que "ou não"? Porque mais uma vez eu praticamente não conheci a cidade em si, mesmo passando dois dias inteiros por lá. Por que não conheci? É que... Não sei... Algo sempre me leva a preferir os arredores da cidade do que a cidade em si. Já te mostro.


Bom, vamos nos situar antes de tudo.


Evento: 42º Passeio Fotográfico do Vale Foto Clube

Palco: Cunha - SP

Cunha é um município no leste do estado de São Paul... A vá, isso aqui é um blog de fotografia, não a Wikipedia. Se você quiser saber mais sobre cunha, segue o artigo.

Ficamos hospedados na casa do Seu Fernando, gente boníssima! O cara que tem mais histórias pra contar do que todos os livros de História da 1ª série até o vestibular... Rá!
Seu Fernando em pequena parte da sua grande cozinha.
Sexta à noite só conversa, vinhos e queijos... O duro mesmo viria pela manhã: Pedra da Marcela.
A Pedra da Marcela é uma pedra que fica na beirinha de uma montanha, e proporciona umas das vistas mais lindas da região, dá para ver a baía de Angra dos Reis e Paraty, bem como outras cidades.

Foto extraida do blog Lugarzinho
Infelizmente a foto acima não é minha, é só para que vocês tenham uma idéia do visual lá em cima, porque neblina foi tudo o que encontramos lá. Mas tudo bem, na falta de paisagem a gente improvisa com pessoas.


Foto por Cris Vieira

Foto por Cris Vieira. Obrigado pelas fotos, Cris!
Em mais um incrível demostração de incrível habilidade o nosso amigo Batman (um pouco fora de forma, mas nem tanto) exibe com graça seus dotes saltadores (coisa que já está virando tradição).
Mas ele não estava sozinho dessa vez: Santa Letícia, Robin!

Foto por Emiliane Andrade
Sem muito para ver, era hora da tradicional oficial com todo mundo na fita, ou na foto.


E claro, a oficial feita com filme na FM2.

Nikon FM2 - Filme Fuji Superia X-tra 400

À tarde veio a melhor parte fomos até Wolkenburg. Não, não é uma cidade alemã... É melhor! Uma cervejaria alemã!


Visitação e degustação na fábrica (tudo fresquinho, cara!) Bando de fotógrafo bebum fotografando sabe lá o que, focando sabe lá como.
As fotos dessa tarde eu fiz todas com câmera analógica, a Nikon FM2.




Nikon FM2 - Filme Fuji Superia X-tra 400

Nikon FM2 - Filme Fuji Superia X-tra 400

Nikon FM2 - Filme Fuji Superia X-tra 400

Nikon FM2 - Filme Fuji Superia X-tra 400

Nikon FM2 - Filme Fuji Superia X-tra 400


Mais tarde, um pouco menos alcoolizados, estávamos preparados para o grande espetáculo do Raku!
Técnica milenar que consiste no aquecimento da peça de cerâmica até no máximo 1.200 ºC (no nosso caso vimos o processo até 1.000 ºC. Mas claro, esse blog não é a Wikipedia, então se você quiser saber mais sobre a técnica do Raku, sugiro que leia o artigo sobre a mesma clicando aqui.

O forno é alimentado por dois tubos de gas.

As peças ainda frias dentro do forno.

Abertura superior, possivelmente para equilibrar a pressão.

Abertura lateral. Aberta somente por poucos instantes para que o publico visualizasse a cerâmica.

As peças já começando a ficar incandescentes.

Preparação para abertura do forno.

O forno momentos antes de ser aberto.

E esse é o Raku.


E esse é o Raku na batata.

Mas que piadinha de merda!
Tudo o que eu sei é que vale a pena esperar os 60 minutos até que o forno atinja os 1.000 ºC. O espetáculo visual é incrível! Dura pouquíssimo tempo, mas é lindo!

A cerâmica em seu momento mais incadescente.

Poucos segundos depois, já começando a esfriar por conta do choque térmico com a temperatura ambiente.


A retirada das peças.

A peça sendo exposta ao público depois de pronta.

Os traços "aleatórios" na cerâmica, feitos pela artista enquanto a peça ainda estava bem quente.

O esfriamento da cerâmica.


Cerâmicas prontas e à venda.

Passado o espetáculo, era hora de ir para o centro e comer guloseimas... Mas não, não eu, ou melhor, eu e Ric. Ficamos em casa, pedimos uma pizza, comemos com os outros poucos que ficaram na casa, e descansamos um pouco...
Porque o que viria na madrugada ia exigir muito da gente, muito mais do que esperávamos.

Ric foi pegar seu óculos no carro, olhou pro céu e se deparou com a surpresa: baita céu estrelado!
Voltou e disse: baita céu estrelado!
Discutimos se valeria a pena sair, procurar local afastado e fotografar o céu. Afinal, sabíamos que "ela" iria estar por lá, em alguma lugar... E estava, de fato. Toda hermosa, convidando, sussurando no ouvido como da última vez: vem, me fotografa.
Cara, vai por mim, você não recusaria um convite desses.




Bonito, né? Só se for o céu, amigo! Porque nós dois estávamos num cagasso!
É, cagasso, de cagar nas calças de tanto medo. Calma, já te conto.


Uma da manhã e lá estava eu e Ric na estrada rumo a Paraty. Avançamos uns 2 ou 3 quilomêtros, foi quando encontramos uma entrada.
Estrada de barro, típico sólo da região. Avançamos. Mal cabia o carro.
Barro, mato, barro, mato e TCHUFF!
Dois faróis à nossa frente, farol alto. Não dava pra passar, mal cabia um carro no caminho, quanto mais dois!
- E aí, Ric?! - Perguntei.
- Não vou baixar o farol, não. - Respondeu.
Acerca de dois metros o carro à frente não se movia.
Mais alguns segundos de tensão e o Ric, numa manobra que deixaria Speed Racer com inveja, entrou na lama, patinou, e passou pelo carro. Aceleramos sem querer saber o que pra trás ficava.

Centenas de metros estradinha adentro nós passávamos. Procurando árvores ou qualquer coisa que nos rendesse uma boa composição pra foto.

Paramos. - MuuuooooooOOMM - Disse o boi.
Menos de 3 segundos depois mais muom. O bicho estava assustado, mas não com a gente. Não parava de mugir.
- Tem predador por perto - Observou Ric.
Sondou com a lanterna. Cerca, mato, árvores, vulto, olhos verdes... Vulto?! Olhos Verdes?!
Pois é. Cinquenta metros à frente dois olhos verdes e um vulto. Ric julgou ser um felino, felino dos grandes. Mas enquanto ele estivesse vendo os olhos verdes e a lanterna ainda estivesse posta neles, estava "tudo bem".
Correndo montei o tripé e configurei a câmera. Na hora fazia uma panorâmica, ou seja, tinha que fazer várias fotos com longa esposição. Ou seja, mais tempo a mercê da fera.


A dita panorâmica
Terminei! Costa colada com a do Ric, voltamos de passinho em passinho pro carro, sem tirar a lanterna de onde o bicho estava.

Ufa!

Seguros no carro avançamos. Procurando, sondando. Cada vez mais escuro, cada vez mais silencioso. A essa altura com a mente minada de pensamentos ruins. O medo tomava conta.
Paramos aqui e ali. Fotografamos ali e acolá.

Bem no meio da estradinha.

Até que avançamos tanto que decidimos: é nossa última parada. Ironicamente ali na estrada, ali mesmo do ladinho, um objeto confirmava que era o fim da linha pra gente.
Saimos do carro, peguei o tripé no porta malas...
- Phê!
- Oi!
- Olha...
Uma cruz jazia no mato à beira da estrada. Na altura do nosso umbigo. Cruz de morte.
Arrepiei até os cabelos que eu nem imaginava que tinha. Dos cabelinhos do dedão aos da sombrancelha.
Normalmente nos distanciamos coisa de 20 metros do carro para poder fotografar sem interferência de luz. Mas não dessa vez, não com aquela cruz ali do lado.
Abrimos as portas do carro e a usamos como escudo. Escudo contra quê eu não sei, mas trazia uma leve sensação de segurança com as costas protegidas... sabe-se lá do quê.
Fizemos as últimas fotos voltamos.
A nós só faltava um Capacitador de Fluxo para voltar ao passado, porque o carango tava rápido! Ao invés de rastro de fogo, lama e poeira. Ao invés de cachorro no carona, eu.
Outra coisa sinistra aconteceu, mas me recuso a contar. Agora, aqui no meu quarto, a madrugada se arrasta às 04:33 e eu estou sozinho em casa... Fica pra próxima.

Chegamos em casa, carro cheio de barro, até dentro, vejam só!
Dorflex. Cama.

No outro dia, pela tela da câmera, a contemplação, o prêmio.






Acordei tarde no Domingo, perdi o passeio pela manhã.
À tarde um passeio pelo centro, nada muito diferente de toda cidade da região. Pracinha, igreja matriz, algumas lojinhas ao redor e senhores de chapéus, como se o tempo houvesse parado, ou a cidade parado no tempo. Lindo.

Nikon FM2 - Filme Fuji Superia X-tra 400

Nikon FM2 - Filme Fuji Superia X-tra 400

Nikon FM2 - Filme Fuji Superia X-tra 400
Depois pegamos a Estrada Real sentido Paraty.
Casebres no meio do nada... ou no meio de tudo, de tudo que um ser humano precisa pra viver em paz. Verdes campos, pastos a perder de vista. Rebanho, riachos, fauna e flora saindo pelo ladrão.
Objetivo: Cachoeira do Pimenta e Antiga Usina Hidroelétrica.




Fotógrafo faz cada uma...

Eu não fiz nenhuma foto da cachoeira em si, mas é porque quem já foi em alguma trilha comigo já sabe: eu sou viciado em cachoeira! Não consigo parar para fotografar quando eu posso mergulhar, faça o frio que for. Então normalmente as minhas fotos de cachoeira são na verdade de outras pessoas, comigo aparecendo, como essa do Jean Chad.

Isso é bem longe e bem alto, acredite.
Foto por Jean Chad
Na volta aquele pôr-do-sol na serra que a gente só vê por aqui. É nessas horas que a gente sente que valeu a pena trocar o conforto do sofá e do Faustão.

A árvore solitária.

A lua entre os galhos secos.

Um búfalo. Achava que reinavam somente no Marajó, mas há alguns deles por aqui também.
Ele se despede.


E eu também. Foi um prazer escrever asqui pros meu amigos outra vez.
Até a próxima!

13 comentários:

  1. Curti demais Phelipe ....kkkkkkk

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  2. PERFEITOOOOO!! AMEI O RAKU NA BATATA KKKKKKKKK

    EMILIANE ANDRADE

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  3. Que intensas as fotos das cerâmicas!!!Fantásticas!!
    E novamente pirei nas fotos das estrelas.
    Além das fotos lindíssimas, dessa vez me amarrei também na narrativa, adoro seu toque de humor...
    Ao todo, tudo muito bonito sr. fotógrafo-escritor!

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    1. Rs
      Obrigado pela visita outra vez, Juliana! Espero que continue por aqui.
      Muito obrigado pelos elogios! Mas... toque de humor? Onde? rs

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    2. Provavelmente continuarei por aqui, eu volto quando gosto e gostei de verdade. É tipo restaurante... rs
      Engraçaado vc perguntar... Disse humor por dois motivos: pelas gracinhas, tipo "procure na wikipedia" e o "Raku na batata" e também porque você deixa transparecer sentimento escrevendo, dá pra sentir o seu humor no que você escreve.

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  4. Phe ! Mais delícia do que ver as suas fotos é LER as suas fotos !
    Rakunabatata pra vc tbém ! kkkkkkkkkkkkkk
    ADOREI !
    Bjo

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    1. Hahaha sério? Eu sabia que ia compensar em algo essa minha falta de habilidade com as fotos, menos mal!
      Valeu, Cris!

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  5. Simplesmente primorosa as fotos Phe.
    Arrebentou nas capturas e na descrição do passeio. Muito bom de acompanhar. Parabéns

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  6. Esse e' o Phe...
    abraco
    brugger

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    1. Esse é o Phe! Não dá mole pro gordinho, que ele não para, rs!
      Abração, Brugger!

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